Você conhece o teste de Yasavage?

Você conhece o teste de Yasavage?

Encarando como realidade o aumento de pacientes da terceira idade em nossos consultórios, novas formas de atendimento se fazem necessárias.

A abordagem desse perfil de paciente precisa ser diferenciada; o tempo de atendimento maior; nosso mobiliário tem que apresentar uma disposição mais bem elaborada, criando espaços mais amplos e sem obstáculos.

Quando a situação envolve cadeirantes, acompanhantes e, até mesmo cão-guia, o espaço se torna fator primordial para um atendimento de excelência.

Só para ilustrar, já tive um caso de paciente acompanhado por cão-guia. E quem disse que o cachorro deixava acontecer o atendimento? A cada aproximação ao paciente, correspondia a uma aproximação do cão. E nesse caso, as ordens não surtiam efeito, era a mais pura proteção de seu dono.

Bem, uma parte legal do atendimento será discutida em uma próxima coluna, pois, hoje, vamos falar sobre alguns aspectos psicológicos do nosso paciente geriatra.

Quantas vezes damos atenção a forma que ele se comporta no consultório? Será que ele é mesmo quieto assim ou falante demais? Temos alguma ideia do seu relacionamento com a família ou com os prováveis cuidadores?

Afinal, quantos apresentam um quadro de demência? O primeiro medo é a lembrança que a palavra demência provoca. É sempre ligada a um quadro de loucura. Será que o paciente está ficando louco? Será que, de uma hora para outra, ele vai ter um acesso de raiva e sair quebrando todo consultório? Ou vai agredir alguém com sua muleta?

Você sabia que um dos maiores problemas da idade avançada é a depressão?

O paciente idoso fica mais quietinho, perde a alegria de viver. Imagine a situação desse paciente: muitas pessoas queridas partiram, muitos amigos morreram ou não têm capacidade de locomoção. A pessoa tende a ficar desmotivada, desligada, recolhe-se mais em seu canto, fala pouco, reage pouco, tem dificuldade em realizar atividades rotineiras, sente-se inútil e tem ideias recorrentes de morte ou suicídio.

O paciente, depois de algumas consultas, sente-se à vontade para expor seus sentimentos ao profissional. E esses sinais e sintomas são frequentemente relatados ou sentidos pelo profissional.

Em um trabalho de conclusão de curso desenvolvido pela aluna Paola Voci Ventura, foi aplicado o teste de Yasavage, teste este que pode indicar se o paciente já apresenta ou se está desenvolvendo os sintomas de depressão.

É um teste simples, que se tomados os devidos cuidados de interpretação, pode levar o profissional a desconfiar do quadro do paciente e orientá-lo, ou a seus familiares, a procurar um cuidado específico.

Salientamos que o teste de Yasavage não é conclusivo para quadros de depressão, mas um indicativo.

O teste é simples de ser aplicado e consiste em questões do dia a dia. Tais questões devem ser respondidas, preferencialmente, pelo paciente. As respostas, que recebem um valor específico, são sim ou não.

O teste de Yasavage é o que se segue:

Está satisfeito com a sua vida?SN
Diminuiu a maior parte de suas atividades e interesse?SN
Sente que a vida está vazia?SN
Aborrece-se com frequência?SN
Sente-se de bem com a vida a maior parte do tempo?SN
Teme que algo ruim possa lhe acontecer?SN
Sente-se feliz a maior parte do tempo?SN
Sente-se frequentemente desamparado?SN
Prefere ficar em casa a sair e fazer coisas novas?SN
Acha que tem mais problemas de memória que a maioria?SN
Acha que é maravilhoso estar vivo agora?SN
Vale a pena viver como vive agora?SN
Sente-se cheio de energia?SN
Acha que a sua situação tem solução?SN
Acha que tem muita gente em situação melhor?SN

Os resultados do teste de Yasavage têm muita similaridade com os encontrados em outros testes aplicados pelo mundo.

Na próxima coluna, iremos informar os resultados obtidos.

Como o colega já tem posse do teste de Yasavage, que tal aplicá-lo e depois confrontarmos os resultados?

Preparem-se para algumas surpresas.

Um grande abraço e até a próxima.

 


augusto_roqueAugusto Roque Neto
Cirurgião-dentista. Especialista em Dentística Restauradora. Mestre em Clínicas Odontológicas. Professor Adjunto do Curso de Odontologia Faculdade de Saúde, Universidade Metodista de São Paulo.

 

* Esta coluna contou com a colaboração da cirurgiã-dentista Paola Voci Ventura.

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