Prevenção em Odontopediatria

Prevenção em Odontopediatria

Por: Vanessa Navarro

Odontopediatra e Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente, Helenice Biancalana apresentou o tema “Prevenção em Odontopediatria: da gestação à adolescência”.

Com maestria, a especialista enfatizou a importância da valorização da especialidade e o cuidar humanizado. “A Odontopediatria é um campo enorme. Nós somos especialistas em crianças. Temos que gostar de crianças, temos que gostar de gente e promover o atendimento humanizado”.

Helenice iniciou a discussão falando sobre a promoção da saúde bucal, que é o conceito amplo de saúde que transcende a dimensão meramente técnica da Odontologia, integrando a saúde bucal às demais práticas da saúde. “Precisamos olhar o nosso paciente como um todo, para assim promover, não só a saúde bucal, mas a saúde geral. O dentista tem que sair um pouco do mocho. Ele precisa observar as características do paciente que vai ao seu consultório. Afinal, o odontopediatra também é um educador”, alertou.

A Odontopediatria, para ser bem exercida, precisa ganhar a visão da multidisciplinaridade. Na integralidade, as ações de saúde bucal exigem a composição de uma equipe multidisciplinar. “É importante manter contato constante com todos os especialistas envolvidos no tratamento da criança, seja ele o pediatra, o nutricionista ou o otorrinolaringologista”, explicou a especialista. Segundo a Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente, o odontopediatra precisa se posicionar, interagir com a equipe multidisciplinar, visando sempre o bem-estar do paciente.

Saúde bucal na gestação

Estudos mostram que a qualidade de vida da gestante reflete no bem-estar do bebê, e a saúde bucal faz parte da qualidade de vida.

O cirurgião-dentista tem papel crucial na orientação sobre a higiene e a saúde bucal das gestantes. “É papel do dentista orientar sobre todos os cuidados com a saúde bucal, entre eles a observação de sangramento gengival, manchamento de mucosa e esmalte dental”, esclareceu a odontopediatra.

Indicar uma alimentação mais saudável e atentar para as repercussões bucais decorrentes de distúrbios gástrico também são orientações essenciais para preservar a saúde oral da gestante. “Estimular a prática do aleitamento natural exclusivo até pelo menos os seis meses de vida da criança também é papel do profissional de saúde bucal”, lembrou Helenice.

A avaliação odontológica periódica pode permitir que o cuidado com a saúde dentária seja mais efetivo em prevenir eventuais repercussões de afecções bucais sobre a saúde da gestante como um todo. “O vínculo paciente-dentista é muito importante quando atendemos gestantes”, defendeu a especialista.

É muito difícil repassar essas informações para as gestantes, pois apenas do Manual do Pré-Natal, elaborado pelo Ministério da Saúde, recomendar o acompanhamento odontológico durante o período gestacional, são poucas as gestantes que buscam o atendimento bucal especializado.

A saúde bucal da criança e do adolescente

Com o nascimento do bebê, as ações de prevenção continuam ativas, agora com o foco em mais um pequeno paciente.

O Odontopediatra precisa, antes e logo após o nascimento do bebê, orientar sobre os benefícios do aleitamento materno para a saúde bucal e geral da criança. “O aleitamento materno promove o desenvolvimento motor-oral do bebê, possibilita o crescimento facial equilibrado, proporciona respiração nasal. Quando não é possível praticá-lo, por algum motivo relevante, o copo adequado é a melhor forma de alimentar o lactente”, elucidou a Mestre em Saúde da Criança e do Adolescente.

Após os seis primeiros meses de vida, o bebê passa a desenvolver os primeiros dentes decíduos. Esse é um período complicado, pois é nesse momento que o bebê passa a ingerir alimentos sólidos e sucos naturais. O acréscimo de alimentos na dieta vai evoluindo de acordo com a instalação da dentição decídua. “Nessa fase, o odontopediatra tem a obrigação de aconselhar os pais da criança sobre os hábitos alimentares saudáveis e sobre possíveis mudança e adequações em tais costumes. O mais importante é orientar sobre a questão da presença de açúcar nos alimentos”, mencionou a especialista.

Cárie: uma doença em evolução

A odontopediatra e também Diretora da Associação Paulista de Odontopediatria – APO apresentou dados alarmantes sobre o índice de cárie em crianças e adolescentes. “O mais recente levantamento epidemiológico de saúde bucal de São Paulo, por exemplo, apresenta algumas preocupantes alterações, inclusive o aumento significativo da cárie em uma faixa etária de até 12 anos”.

Helenice explicou que, ao contrário do que muitos pensam, o grande vilão no processo de desenvolvimento da cárie não é o Mutans especificamente. É o açúcar.

A cárie é uma doença controlável e, de acordo com a odontopediatra, a desorganização periódica do biofilme dental, a restrição da ingestão de açúcar e a utilização racional de fluoretos são ações que podem facilitar o controle da doença.

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