Aprendendo mais sobre a halitose

Aprendendo mais sobre a halitose
A halitose, distúrbio que acomete a boca e mais conhecido como mau hálito, trata-se de uma queixa muito comum entre os pacientes na clínica diária. Cerca de 30% da população apresenta esse tipo de problema.

O mau hálito começou a ser estudado, sob o ponto de vista médico, em 1864. Embora nos últimos 10 anos esteja recebendo mais atenção, ainda há poucos profissionais que se dediquem ao diagnóstico e tratamento da halitose.

O mau hálito apresenta etiologia multifatorial, sendo atribuída a essa condição mais de 60 possíveis causas. Diferentemente do que se pensa, a halitose não está somente relacionada à higiene oral deficiente. Suas causas podem ser reunidas em quatro diferentes grupos: causas odontológicas, otorrinolaringológicas, gástricas e o grupo das halitoses associadas a alterações sistêmicas.

Cabe ressaltar que existem situações em que a halitose possui caráter fisiológico, não representando uma patologia propriamente dita, como nos casos do jejum prolongado (ao acordar, intervalos grandes entre as refeições, regimes), da ingestão de alimentos de odor carregado ou medicamentos, do tabagismo e etilismo e de uma higiene oral deficiente. Nesses casos, apenas orientações quanto à higiene e mudança de hábitos podem ser suficientes para a resolução do problema. Entretanto, se fizermos a remoção da causa, o mau hálito deve desaparecer. Caso persista, caracteriza-se um quadro crônico, merecedor de atenção e tratamento.

Sabe-se que 90% dos casos de mau hálito estão na boca, cabendo ao cirurgião-dentista capacitado o diagnóstico e o tratamento. Os casos associados a causas gástricas, por exemplo, representam apenas 1%.

Dentre os sinais clínicos que o cirurgião-dentista deve estar atento, destacam-se a presença de saburra lingual e a qualidade da saliva no paciente. A saburra lingual está presente em 99% dos casos de halitose por causas bucais e, muitas vezes, está associada pela baixa qualidade de saliva, provavelmente mais espessa do que em situações de normalidade. Assim, mais restos alimentares, células descamadas e bactérias ficarão alojados na superfície da língua, gerando odores indesejáveis.

Nesse sentido, o paciente precisa ser orientado quanto à higiene adequada também da língua, por meio da utilização de raspadores linguais que alcançam o terço mais posterior da língua.

O indivíduo que apresenta a língua saburrosa, mas a saliva tem boa qualidade, apenas com a melhora da higiene bucal e lingual consegue resolver o problema. Além disso, atualmente, além da ação mecânica do raspador, há produtos específicos que ajudam na limpeza da língua, como enxaguantes bucais à base de dióxido de cloro.

A qualidade salivar deve ser avaliada com a realização de um exame clínico minucioso, em que se realiza a ordenha das glândulas, observando a drenagem salivar e sua qualidade, se mais fluida e transparente ou mais espessa e esbranquiçada. A sialometria deve também ser realizada, para que seja comprovada a qualidade e quantidade salivar.

Dentre outras causas odontológicas, é possível destacar a presença de doença periodontal, cáries profundas, estomatites, presença de neoplasias, etc. Como causas otorrinolaringológicas, temos as amigdalites, faringites, rinites, sinusites e presença de cáseos.

Alguns odores característicos podem demonstrar a presença de doenças sistêmicas, como ocorre com os indivíduos diabéticos, com insuficiência renal e hepática, por exemplo.

Devido à grande importância que a halitose exerce na saúde geral do paciente e ao impacto social que esse distúrbio pode exercer no indivíduo, a Associação Brasileira de Halitose (ABHA) instituiu o dia 22 de setembro como o Dia Nacional de Combate ao Mau Hálito.

O que garante o sucesso do tratamento é a escolha de um profissional dentista plenamente preparado para o atendimento nessa área, porém, por possuir etiologia multifatorial, torna-se necessária uma abordagem multidisciplinar, a fim de obter sucesso no tratamento.


rhayany_lindenblattRhayany Lindenblatt Ribeiro
Cirurgiã-dentista. Especialista em Estomatologia. Doutora e mestre em Patologia Bucal. Habilitada em Laserterapia. 1º Ten Dent Adjunto da Clínica de Semiologia da Odontoclínica Central do Exército.

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